29/05/2020

“CORONAVIROSE” - Uma Contribuição para a história da Medicina Veterinária


“CORONAVIROSE”
Uma Contribuição para a história da Medicina Veterinária

Em 1978, defendi a tese de conclusão do mestrado na Faculdade VET UFF com o tema “Anestesia paravertebral lombar nos equídeos”. Orientado pelo professor Ary Loureiro Accioly com o apoio dos professores Nelson Domingues Pena e Allan Kardec da Silveira.

Logo após a aprovação da tese, recebi um convite para apresentar este trabalho no Congresso Mundial de Medicina Veterinária em Portugal. Fui acompanhado do Professor Mario da Fonseca Xavier e nossas esposas.

Ao chegar em Lisboa, fomos para a Fundação Calouste Gulbenkian, onde estava sendo realizado o Congresso. Após várias palestras, o professor Xavier proferiu uma palestra edificante sobre “Clínica de animais de companhia”. Em seguida, fui convidado a proferir e demonstrar meu trabalho de tese (quase a voz não saía). Apelei para a dificuldade do microfone e rezei. Deu tudo certo. Após o término do Congresso, seguimos para a França, apreciamos as belezas de Paris e concluímos com a visita a Espanha.

Em Madrid, fomos visitar algumas clínicas com alto grau de tecnologia. Nos chamou atenção, o elevado padrão da clínica do Dr. Robledo, onde fomos bem recebidos. Fomos surpreendidos por um grande número de animais com uma doença desconhecida. Após 3 dias, retornamos a esta clínica e o colega nos informou que era uma Síndrome de Gastroenterite Hemorrágica, sem um diagnóstico definitivo, pois não respondia aos fármacos da época.

O distinto colega, acabara de receber o diagnóstico histopatológico que confirmava a presença do CORONAVÍRUS e PARVOVÍRUS com bastante letalidade. Solicitamos uma cópia das lâminas. Assim como, nos aconselhou a suspensão das exposições de animais, pois o trânsito destes seriam prejudiciais através da multiplicação deste patógeno.

Ao retornar ao Rio de Janeiro, realizei palestras na ANCLIVEPA alertando sobre essa patologia. A partir deste momento, apareceram vários casos da Gastroenterite Hemorrágica com alta letalidade. Com a divulgação da doença, fui convidado pela TV Bandeirantes no Programa “Aqui Agora”. Fiz um breve relato da doença, aconselhado pelo Dr. Robledo para que evitasse exposição de animais de companhia.

Na oportunidade, fui surpreendido por um notável veterinário que tentou distorcer minha informação, afirmando que não iria parar com as exposições, pois ele era um juiz de pista renomado. Assim como, disse que acreditava que isso seria uma jogada de alguns laboratórios para vender vacinas. Não me calei. Disse que respeitava sua idade e seu provável conhecimento e que estava falando embasado na ciência e que tinha em minha posse 2 lâminas cedidas pelo Dr. Robledo, que foram avaliadas por dois mestres (Jefferson Andrade dos Santos e Paulo Dacorso Filho), comprovando tratar-se da CORONAVÍRUS e PARVOVÍRUS. Neste período existe relatos de mais de 100 mil animais que vieram a óbito. A entrevista encerrou com um até breve.

Após alguns meses, surgiram as vacinas que controlaram essas epidemias. E hoje, possuímos vacinas altamente eficientes que controlam em torno de dez doenças. Precisamos aproveitar este avanço tecnológico para termos uma profilaxia mais exigente e legal para evitar novos SURTOS, ENDEMIAS, EPIDEMIAS E PANDEMIAS. E nós, profissionais da SAÚDE ÚNICA temos a obrigação de orientar, fiscalizar as faculdades, tanto o corpo docente e discente para elevarmos ainda mais o nosso conceito no cenário sócio cultural.

“A única felicidade da vida está na consciência de ter realizado algo de útil em benefício da comunidade”. - Vital Brazil Mineiro da Campanha

 

Texto produzido por Aristeu Pessanha Gonçalves

Presidente da Academia de Medicina Veterinária no Estado do Rio de Janeiro

25/05/2020

Instituto Vital Brazil estuda soro contra o novo coronavírus


Instituto Vital Brazil estuda soro contra o novo coronavírus    
Método se baseia em outros soros já existentes contra outros vírus conhecidos


Um novo estudo sobre um medicamento para tratar pacientes de Covid-19 promete uma saída para a pandemia que assola o mundo. Parceria entre o Instituto Vital Brazil e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ideia é a criação de um soro hiperimune, como os usados contra a raiva, que também é um vírus, ou contra os venenos de animais peçonhentos, por exemplo, feitos a partir do plasma de cavalos. 
“Já vimos em muitas pesquisas realizadas pelo mundo que o tratamento a partir do plasma de pessoas curadas da Covid-19 teve efeito positivo no tratamento de infectados em estado grave. A ideia é fazer um experimento agora a partir do plasma de cavalos, para que o tratamento possa ser produzido em grande escala”, explica Adilson Stolet, presidente do Instituto Vital Brazil.
Os soros antiofídicos são produzidos a partir do sangue de um animal de grande porte, como o cavalo, que produz agentes de defesa contra o veneno inoculado em seu organismo. O sistema imunológico do animal cria anticorpos que neutralizam a ação do veneno, depois que uma dose pequena do veneno é injetada nele. Para a produção do soro, então, o plasma desse animal é a base. O material passa por diversas etapas de produção e testes até se tornar o soro que conhecemos. As hemácias (glóbulos vermelhos) são devolvidas ao animal.
O objetivo do Instituto é a produção do soro contra o coronavírus com essa mesma tecnologia. “Já fazemos o soro contra a raiva, por exemplo, que também é um vírus.”, lembra Stolet.
Nos soros contra vírus, a matéria-prima não é extraída de algum animal, como é o caso de soros contra o veneno de peçonhentos. Para o estudo com o novo coronavírus, o Instituto contará com a parceria da UFRJ, que isolará e inativará o vírus, para que a inoculação no cavalo seja feita de forma segura para o animal.
Na próxima quarta-feira, dia 27 de maio, os cavalos do Instituto Vital Brazil começarão a ser imunizados, ou seja, a receber pequenas doses do vírus para que criem anticorpos. A previsão é que em cerca de quatro meses o medicamento já esteja disponível para testes clínicos, que incluem testes em humanos. O Instituto possui capacidade para produzir o quantitativo para 100 mil tratamentos por ano.
“Acreditamos que o soro esteja disponível para uso em larga escala em até seis meses”, finaliza Stolet.
Outra frente – Outro projeto em andamento sobre tratamentos contra o coronavírus do Instituto Vital Brazil, concomitantemente ao estudo da criação do soro a partir do plasma animal, tem a ver com estudos em anticorpos e DNA de lhamas. “A ideia é ter os dois estudos nas mãos e apostar mais fichas no que o processo começar a dar resultados mais rápido, devido à urgência da pandemia”, ressalta Stolet. Ainda de acordo com o presidente, o projeto do soro a partir do plasma do cavalo deve ser mais rápido de ser finalizado, pois a tecnologia já existe. Já o estudo com o DNA de lhamas é uma versão que deve demandar mais tempo para sair da bancada.


Sobre o Instituto - O Instituto Vital Brazil completou 100 anos em junho de 2019. É uma empresa de ciência e tecnologia do Governo do Estado do Rio de Janeiro ligado à Secretaria de Estado de Saúde. É um dos 21 laboratórios oficiais brasileiros e um dos quatro fornecedores de soros contra o veneno de animais peçonhentos para o Ministério da Saúde.