“CORONAVIROSE”
Uma
Contribuição para a história da Medicina Veterinária
Em
1978, defendi a tese de conclusão do mestrado na Faculdade VET UFF com o tema “Anestesia
paravertebral lombar nos equídeos”. Orientado pelo professor Ary Loureiro
Accioly com o apoio dos professores Nelson Domingues Pena e Allan Kardec da
Silveira.
Logo
após a aprovação da tese, recebi um convite para apresentar este trabalho no
Congresso Mundial de Medicina Veterinária em Portugal. Fui acompanhado do
Professor Mario da Fonseca Xavier e nossas esposas.
Ao
chegar em Lisboa, fomos para a Fundação Calouste Gulbenkian, onde
estava sendo realizado o Congresso. Após várias palestras, o professor Xavier
proferiu uma palestra edificante sobre “Clínica de animais de companhia”. Em
seguida, fui convidado a proferir e demonstrar meu trabalho de tese (quase a
voz não saía). Apelei para a dificuldade do microfone e rezei. Deu tudo certo.
Após o término do Congresso, seguimos para a França, apreciamos as belezas de
Paris e concluímos com a visita a Espanha.
Em
Madrid, fomos visitar algumas clínicas com alto grau de tecnologia. Nos chamou
atenção, o elevado padrão da clínica do Dr. Robledo, onde fomos bem recebidos.
Fomos surpreendidos por um grande número de animais com uma doença
desconhecida. Após 3 dias, retornamos a esta clínica e o colega nos informou
que era uma Síndrome de Gastroenterite Hemorrágica, sem um diagnóstico
definitivo, pois não respondia aos fármacos da época.
O
distinto colega, acabara de receber o diagnóstico histopatológico que confirmava
a presença do CORONAVÍRUS e PARVOVÍRUS com bastante letalidade. Solicitamos uma
cópia das lâminas. Assim como, nos aconselhou a suspensão das exposições de
animais, pois o trânsito destes seriam prejudiciais através da multiplicação
deste patógeno.
Ao retornar
ao Rio de Janeiro, realizei palestras na ANCLIVEPA alertando sobre essa
patologia. A partir deste momento, apareceram vários casos da Gastroenterite
Hemorrágica com alta letalidade. Com a divulgação da doença, fui convidado pela
TV Bandeirantes no Programa “Aqui Agora”. Fiz um breve relato da doença,
aconselhado pelo Dr. Robledo para que evitasse exposição de animais de
companhia.
Na
oportunidade, fui surpreendido por um notável veterinário que tentou distorcer
minha informação, afirmando que não iria parar com as exposições, pois ele era
um juiz de pista renomado. Assim como, disse que acreditava que isso seria uma
jogada de alguns laboratórios para vender vacinas. Não me calei. Disse que
respeitava sua idade e seu provável conhecimento e que estava falando embasado
na ciência e que tinha em minha posse 2 lâminas cedidas pelo Dr. Robledo, que
foram avaliadas por dois mestres (Jefferson Andrade dos Santos e Paulo Dacorso
Filho), comprovando tratar-se da CORONAVÍRUS e PARVOVÍRUS. Neste período existe
relatos de mais de 100 mil animais que vieram a óbito. A entrevista encerrou
com um até breve.
Após
alguns meses, surgiram as vacinas que controlaram essas epidemias. E hoje, possuímos
vacinas altamente eficientes que controlam em torno de dez doenças. Precisamos
aproveitar este avanço tecnológico para termos uma profilaxia mais exigente e
legal para evitar novos SURTOS, ENDEMIAS, EPIDEMIAS E PANDEMIAS. E nós,
profissionais da SAÚDE ÚNICA temos a obrigação de orientar, fiscalizar as faculdades,
tanto o corpo docente e discente para elevarmos ainda mais o nosso conceito no
cenário sócio cultural.
“A única felicidade da vida está na
consciência de ter realizado algo de útil em benefício da comunidade”. - Vital
Brazil Mineiro da Campanha
Texto produzido por Aristeu Pessanha Gonçalves
Presidente da Academia de Medicina
Veterinária no Estado do Rio de Janeiro