No dia 23 de maio às 17h a AMVERJ se fez presente na posse da colega Médica Veterinária, DEILA MARIA FERREIRA SCHARRA como membro da Academia Fluminense de Letras.
Primeira Médica Veterinária empossada na Academia Fluminense de Letras.
Aristeu Pessanha Gonçalves- presidente AMVERJ; Phyllis Catharina Romijn- vice-presidente da AMVERJ; Deila Maria Ferreira Scharra- médica veterinária acadêmica da AFL; Waldenir de Bragança- presidente da AFL; Deoclécio Bezerra Brito- acadêmico AMVERJ; Rogério Alvares- secretário AMVERJ; Cleo Carneiro Baeta Neves- membro do Conselho Fiscal AMVERJ; Marcio Figueiredo- professor UFF e Newton da Cruz Rocha- membro do Conselho Fiscal AMVERJ.
Segue abaixo o discurso de posse da dra. Deila:
EXMO. SR. PRESIDENTE
DA ACADEMIA FLUMINENSE DE LETRAS, DR.
WALDENIR DE BRAGANÇA, DEMAIS ACADÊMICOS E CONVIDADOS AQUI PRESENTES.
É UMA
HONRA SER CONVIDADA PARA INTEGRAR A ACADEMIA FLUMINENSE DE LETRAS, DA QUAL
FAZEM PARTE ESCRITORES RENOMADOS E RESPEITADOS DENTRO DA NOSSA SOCIEDADE.
COMPREENDO A RESPONSABILIDADE DO CARGO QUE VOU OCUPAR NA CLASSE DAS ARTES E
ESTEJAM CERTOS QUE MUITO ME EMPENHAREI PARA JUSTIFICAR A CONFIANÇA QUE DEPOSITARAM
NO MEU TRABALHO NO CAMPO DA MÚSICA.
NESTE MOMENTO,
VOLTO NO TEMPO PARA ENCONTRAR A RESPOSTA PARA UMA PERGUNTA QUE SEMPRE É FEITA
QUANDO AS PESSOAS SABEM QUE SOU UMA MÉDICA VETERINÁRIA QUE TRABALHOU 37 ANOS NA
SUA PROFISSÃO E QUE TAMBÉM É MUSICISTA. A PERGUNTA É A SEGUINTE: O QUE É QUE A MÚSICA
TEM A VER COM A MEDICINA VETERINÁRIA?
TUDO COMEÇOU
QUANDO EU TINHA 12 ANOS DE IDADE E GANHEI UM CANARINHO BELGA QUE FOI MEU
PRIMEIRO ANIMAL DE ESTIMAÇÃO. SEU NOME ERA “GUINGO”. EU ESTUDAVA ACORDEON E GUINGO FICAVA NA SUA
GAIOLA, APENAS PIANDO E PRESTANDO ATENÇÃO A TUDO QUE SE PASSAVA AO SEU REDOR.
PORÉM, QUANDO EU TOCAVA UMA MÚSICA CHAMADA “MR. SANDMAN”, GUINGO CANTAVA COM
TODA A FORÇA DOS SEUS PULMÕES E PARECIA QUERER COMPETIR COM O SOM DO
INSTRUMENTO. FICAVA MAIS ALEGRE, ANIMADO E PULAVA SATISFEITO DE UM POLEIRO PARA
O OUTRO. E ISSO SÓ ACONTECIA COM ESSA MÚSICA... PORQUE SERIA?
HOJE, APÓS TANTOS
ANOS, OS PESQUISADORES VÃO SE APROXIMANDO DA RESPOSTA PARA AQUELA PERGUNTA. JÁ
VEM CAINDO POR TERRA A IDÉIA DE QUE SÓ OS HUMANOS SÃO CAPAZES DE APRECIAR
MELODIAS. PESQUISADORES VÊM DESCOBRINDO QUE AS AVES SÃO CAPAZES DE IDENTIFICAR ALGUMAS MÚSICAS, E QUE CÃES SE SENTEM BEM AO OUVIR CANTIGAS DE
NINAR, ACALANTOS QUE OS FAZEM RELAXAR. EXPERIMENTOS COMPROVARAM QUE EM BOVINOS HOUVE AUMENTO DA PRODUÇÃO
LEITEIRA QUANDO A ORDENHA FOI ACOMPANHADA DE MÚSICA, E CAMUNDONGOS TIVERAM SUA ATIVIDADE MOTORA BENEFICIADA DURANTE A
NATAÇÃO, QUANDO FORAM SUBMETIDOS A 24 HORAS DE MÚSICA CLÁSSICA. OUVIR MOZART
PROPICIOU MELHOR PERFORMANCE AO
NADO DESSES ANIMAIS.
ESTUDOS JÁ
REVELARAM QUE OS ANIMAIS TÊM UMA CRIATIVIDADE MUSICAL PRÓPRIA. E NÃO SÓ OS
PÁSSAROS SÃO CAPAZES DE MONTAR FRASES MELÓDICAS, MAS AS BALEIAS JUBARTE E AS
FOCAS TAMBÉM O FAZEM, COM TEMAS SIMPLES, PORÉM VARIADOS.
A MÚSICA ESTÁ
PRESENTE ATÉ MESMO NO RITMO DO CAMINHAR DOS ANIMAIS. PODEMOS, POR EXEMPLO,
PERCEBER NA ANDADURA DO CAVALO O COMPASSO BINÁRIO NO TROTE; O COMPASSO QUATERNÁRIO, NO
TROTE; E O COMPASSO TERNÁRIO NO GALOPE CURTO. QUEM É QUE NÃO SE LEMBRA
DOS FILMES ONDE APARECIAM NO PICADEIRO DO CIRCO, BAILARINAS DANÇANDO NO DORSO (LOMBO)
DOS CAVALOS, AO SOM DAS VALSAS VIENENSES DE STRAUSS?
PODEMOS, SEM
DÚVIDA, AFIRMAR QUE A MÚSICA ESTÁ EFETIVAMENTE OCUPANDO UM ESPAÇO NA AREA DA
SAÚDE. HOJE, JÁ EXISTE, POR EXEMPLO, EM SÃO PAULO, UMA ORQUESTRA QUE LEVA
MÚSICA PARA DENTRO DO HOSPITAL. E COMO NÃO FALAR DA MUSICOTERAPIA USADA A
AMENIZAR O SOFRIMENTO DOS DOENTES INTERNADOS? E OS BERÇÁRIOS QUE TÊM MÚSICA
AMBIENTE PARA TRANQUILIZAR OS BEBÊS?
EM 2007, UM
MUSICOTERAPEUTA PUBLICOU SUA MONOGRAFIA SOBRE O EFEITO DA MUSICOTERAPIA NO
TRATAMENTO DE CÃES COM DEPRESSÃO. E OUTRAS EXPERIÊNCIAS VÊM SENDO REALIZADAS NA
ÁREA DA MEDICINA VETERINÁRIA, COMO, POR EXEMPLO, O APOIO DA MÚSICA DURANTE O
TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO DE UM TUMOR EM UMA CACHORRINHA DE APENAS 2 ANOS DE
IDADE, COM RESULTADO SUPREENDENTE!
DIANTE DO QUE FOI
VISTO ATÉ AQUI, PODEMOS ENTENDER QUE ESTÁ OCORRENDO UMA TROCA DE SABERES QUE OS
PESQUISADORES DENOMINARAM DE TRANSDISCIPLINARIDADE.
HÁ O RESPEITO DE UM SABER PARA COM O OUTRO.
HÁ UM DIÁLOGO POSSIVEL ENTRE A
CIÊNCIA E A ARTE QUE PODE SER ENTENDIDO COMO UM PROCESSO DE UNIFICAÇÃO DE
CONHECIMENTOS ONDE OS SABERES SE RESPEITAM.
VEJO A MÚSICA
COMO A ARTE QUE TRAZ CONSIGO A CIÊNCIA EXATA EXPRESSA NA SUA ESTRUTURA RÍTMICA;
DO OUTRO LADO, A ANATOMIA, A FISIOLOGIA E A HISTOLOGIA DEIXAM ENTREVER O CORPO, QUE
É TAMBÉM UM INSTRUMENTO MUSICAL CAPAZ DE FAZER ARTE, DE CRIAR ARTE. É QUANDO A
CRIAÇÃO ARTÍSTICA E A CRIAÇÃO CIENTÍFICA SE TORNAM IGUALMENTE IMPORTANTES. POR
ISSO, HOJE TENHO A RESPOSTA PARA A PERGUNTA QUE VEM SENDO FEITA AO LONGO DESSES
ANOS TODOS: O QUE É QUE A MEDICINA
VETERINÁRIA TEM A VER COM A MÚSICA?
EU RESPONDO: ELAS
SÃO IDÊNTICAS NA TRANSDISCIPLINARIDADE. SÃO SABERES QUE SE ARTICULAM, CAPAZES
DE SE INTEGRAR E UNIFICAR. COMO DISSE AKIKO
SANTOS, PESQUISADORA: NENHUM SABER É MAIS IMPORTANTE QUE O OUTRO!
EU SOU MÉDICA
VETERINÁRIA E EU SOU TAMBÉM MUSICISTA. AGRADEÇO AOS ACADÊMICOS O CONVITE PARA
FAZER PARTE DA ACADEMIA FLUMINENSE DE LETRAS NA CLASSE DAS BELAS ARTES.
AGRADEÇO TAMBÉM AOS COLEGAS MÉDICOS- VETERINÁRIOS AQUI PRESENTES, AOS
CORALISTAS E AMIGOS QUE TORNARAM NOSSA FESTA MAIS BONITA!
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