Alerta sobre a importância da vacinação contra
Raiva em caninos, felinos e herbívoros tendo em vista a circulação do vírus da
Raiva no Estado do Rio de Janeiro.
Academia de Medicina Veterinária no RJ
Acadêmica Leda Maria Silva Kimura
Médica Veterinária, MSc – DSc,
Virologista. - Pesagro Rio
Devido ao seu desenlace geralmente
fatal, a Raiva é considerada uma das zoonoses mais importantes, entre as mais de
200 conhecidas. No mundo, 60 mil pessoas morrem a cada ano da doença,
principalmente na Ásia e na África, embora seja uma enfermidade para a qual a
vacina já existe há mais de 130 anos. Entre as variantes antigênicas do vírus
da Raiva identificadas no Brasil através de anticorpos monoclonais, destacam-se
as variantes 1 e 2, isoladas dos cães e variante 3, isolada de morcego
hematófago Desmodus
rotundus.
No caso recente de diagnóstico
positivo de Raiva em cão, no Município de Duque de Caxias, reportado pelo
Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, embora não se possa
afirmar tratar-se de variante 3 (AGv3) , enquanto não for realizada a
tipificação antigênica, há fortes indícios de que essa variante seja a responsável pelo caso , tendo em vista que o referido cão teve contato com morcego e o laboratório da Área de
Virologia do Centro de Estadual de Pesquisa
em Sanidade Animal Geraldo Manhães Carneiro da PESAGRO- RIO vem detectando a circulação da AGv3, em todo o território do Estado , há mais de 40 anos.
No
período de 2010 a 2020, 77 municípios do Estado do Rio de Janeiro enviaram
amostras de material de bovinos portadores de síndrome neurológica, para o
Centro Estadual de Pesquisa em Sanidade Animal Geraldo Manhães Carneiro /
PESAGRO RIO. Foram detectados focos em 57 Municípios dos 92 que constituem o Estado,
sendo positivas 40% das amostras. Em 2021 até abril, 52% apresentaram
resultados positivos.
Em que pese a variante 2, estar possivelmente
controlada no Estado, devido ao sucesso da vacinação em massa de caninos e
felinos através de campanhas de vacinação é importante frisar que a variante
que circula atualmente no estado, AG v3, de morcego hematófago, pode contaminar
todos os mamíferos incluindo o homem, como ocorreu em março de 2020 em Angra
dos Reis, RJ, onde foi registrado o óbito de um adolescente agredido por morcego.
No
caso de caninos e felinos, o papel do Médico Veterinário é fundamental
e importantíssimo no controle da raiva e na orientação aos
proprietários sobre a grande importância da continuidade da vacinação. Existe a
detecção da circulação da AGv3 em áreas urbanas, apresentando risco e a possibilidade
de que essas espécies sejam infectadas por esta variante. Ressalta-se que a
vacina existente no mercado protege contra as variantes referidas.
O
alerta aos proprietários deve versar ainda sobre os riscos dos
seus animais serem expostos ao vírus através de brincadeiras
que contemplem a apreensão de morcegos e ainda sobre a
importância da continuidade da vacinação
antirrábica tanto
em animais de produção, quanto de companhia e da adoção imediata de medidas profiláticas
pós-mordedura de morcegos em humanos.
O esforço conjunto de Médicos
Veterinários clínicos ou de órgãos oficiais de Pesquisa, de Agricultura, de
Saúde e de Meio Ambiente, certamente é essencial para o diagnóstico e detecção
de focos e conseqüente tomada de medidas de controle e profilaxia.
A Academia de Medicina
Veterinária no Estado do Rio de Janeiro vem reiterar a importância desta doença
na saúde pública por se tratar de zoonose, requerendo que ao diagnóstico no animal
sejam determinantes as medidas profiláticas imediatas em favor de impedir a sua
extensão para seres humanos.