Excelentíssimo senhor doutor Paulo Henrique Sá Maia, digníssimo Presidente da Aclivepa-PA e também deste Congresso. Ilustríssimo senhor doutor Wanderson Alves Pereira, digníssimo Presidente da Anclivepa Brasil. Ilustríssimo doutor Edson Brito Ladislau, digníssimo Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Pará. Ilustríssima doutora Vanesssa Carvalho, digníssima Presidente do Congresso Brasileiro de Odontologia Veterinária. Ilustríssimo Doutor Sérgio Luis Pereira, Presidente da Aclivepa GO e futuro presidente do 32º. Congresso Brasileiro da Anclivepa. Senhores Presidentes de Conselho, de Sociedades, de Aclivepas, demais autoridades aqui presentes e representadas. Minhas senhoras, meus senhores e jovens acadêmicos.
Nós estamos aqui participando do 31º. Congresso Brasileiro. Imaginem os senhores o que foi realizar o 1º. Congresso Brasileiro da Anclivepa. Foram heróis e sonhadores que percebendo a possibilidade de se transformar algo numa realidade palpável, idealizaram e concretizaram esse primeiro Congresso. E, por felicidade nossa, nós temos aqui um desses ousados desbravadores. Trata-se do colega Aristeu Peçanha do Rio de Janeiro que participou do 1º Congresso da Anclivepa. São pessoas como essa que veem o futuro e que fazem verdadeiramente a Medicina Veterinária Brasileira. Aqueles que vivem apenas lamentando, não fazem a Medicina Veterinária. Vejam quantas não foram essas transformações que ocorreram do primeiro a este evento que estamos hoje participando. Da mesma forma, a sociedade brasileira e a sociedade mundial sofreram enormes transformações durante esses longos anos. É prática mais comum. Nós vivemos hoje escutando sobre clonagem, sobre genética molecular, sobre física quântica, sobre falência, sobre concordada, sobre insolvência e dificuldades da economia. O que será o nosso futuro? O que será o futuro de cada um de nós? Futuro pessoal e futuro profissional. Aqueles de nós que saem das universidades ou de muitos que não estão mais lá. Já estão na vida prática e quem sabe fazem parte da rua do desemprego.
É necessário que nós possamos parar e repensar. E essa reflexão mais íntima não cabe só a nós, profissionais da Medicina Veterinária. O mundo todo clama por essa reflexão. Partimos do geral para estudar as partes e quando estudamos as partes, nós transformamos tudo em unidades. Chegamos aos mínimos detalhes e isso nem sempre tem sido interessante para todos nós, pois estamos desagregando do geral. É necessário que nós tenhamos a consciência do que significa a unidade dentro de um contexto. Essa particularização poderia chegar a um determinado momento, exemplificando dentro da própria Medicina Veterinária, que nós teríamos colegas especialistas no olho direito do cachorro e outro especialista no olho esquerdo do cachorro. Especialistas no olho direito do gato e no olho esquerdo do gato.
Entendam-me, não estou participando de um processo generalizado de que a especialidade não é uma conveniência. Não. Sabemos que no mundo globalizado é necessário que tenhamos além da graduação e possamos fazer a diferença. O que nós não podemos é abandonar uma visão global de todo o sistema. O que nós não podemos deixar é de sermos partícipes de um processo. O que nós não podemos deixar é que outros comandem e nós sejamos caudatários de outras profissões e de outras organizações.
O que nós precisamos é de nos inserirmos dentro de um contexto da nossa sociedade. Conhecer não só da Medicina Veterinária, mas também dos tributos, da política e da administração da nossa cidade. Podemos acompanhar isso nos textos que nos levou Aristóteles e Platão, quando pregava que todo o ser humano deveria conhecer um pouquinho da música, por que a música coloca o ser humano dentro de um sentimento. A música faz com que o ser humano possa transcender a sua própria pessoa e ao mesmo tempo possa entrar dentro de si e analisar com maior profundidade o seu ser. Mas, não pregava só isso, pregava que era importante também nós conhecermos algo sobre literatura, sobre artes, sobre filosofia. Isso é o que nós estamos necessitando. Não apenas a Medicina Veterinária, mas todas as profissões precisam de algo mais. Precisam de humanismo e de ter esse conhecimento de uma forma holística.
Já dizia um filósofo ao contar uma história de um jovem escritor que vivia em uma praia distante. Todas as manhãs ele caminhava pela praia para ter inspiração a partir do contato com a natureza, seja ao escutar o barulho do mar se chocando com o rochedo, seja ao pisar na areia. Até que um dia, ele viu uma sombra de alguém que lançava algo no mar. Quando se aproximou, verificou que era um jovem que catava as estrelas do mar da areia e as jogava em retorno ao oceano. O escritor perguntou: por que está fazendo isso meu jovem? Ele respondeu: porque a maré está baixa e o sol está claudicante. Isso leva evidentemente a morte de todas as estrelas do mar. O escritor disse: mas meu jovem, nós temos milhares de praias em nosso país e são centenas de milhares de estrelas do mar que se encontram nessa mesma condição. Não será possível salvar a todas! O jovem, mais uma vez agachou, pegou uma estrela do mar e a arremessou no oceano. Ele disse: para esta, eu fiz a diferença.
Aquele escritor voltou para sua casa, não conseguiu dormir e no dia seguinte, era um companheiro daquele jovem a jogar estrelas do mar de volta ao oceano. E, é neste ambiente de união, de força, de sensibilidade que eu os invoco e os convoco para que juntos possamos estar unidos em torno das nossas Anclivepas, em torno das nossas associações de especialistas, em tornos dos nossos Conselhos, para que possamos ser cada vez mais fortes. Não nos desagreguemos, pois isso nos levará a uma destruição. Tenhamos uma mentalidade nova e possamos receber mensagens que nos façam crescer. Que possamos estar sempre atentos para repudiarmos mensagens de ódio e de rancor.
Dr Wanderson, a Leishmaniose é um desafio. O Conselho Federal de Medicina Veterinária jamais esteve ausente na discussão deste processo. Discutimos, ouvimos os lados favoráveis e desfavoráveis e tomamos posição. Sabemos que agora o assunto recrudesce e desde o ano passado estamos montando uma grande discussão nacional que vai ocorrer neste ano tratando a leishmaniose do ponto de vista técnico e científico. Isso, por que a Medicina Veterinária é uma ciência, não é uma prática do “achismo”. A prática do “achismo” faz parte do curandeirismo, de outras atividades e não da Medicina Veterinária.
A você, Vanessa, que aqui representa a Associação Brasileira de Odontologia Veterinária. Que tem um trabalho árduo pela frente e já demonstrou a capacidade do Médico Veterinário em defesa de Odontologia Veterinária para Veterinários. Porque sabemos e fomos um dos que estiveram na trincheira, defendendo a atividade da Odontologia humana que queria ocupar o nosso espaço, assim como a Fisioterapia e outras profissões que sempre tentam retirar de nós o nosso espaço.
Ao Paulo que com muita força de vontade conseguiu trazer para o norte do país um Congresso da envergadura do Congresso Brasileiro da Anclivepa. Nós sabemos que não foi fácil. Nós sabemos das dificuldades pelas quais ele passou para que pudesse hoje estar aqui recebendo os senhores na solidariedade e no carinho do povo do Estado do Para. E queremos convidá-los para que essa força possa se reproduzir e possa se tornar maior, para que nós possamos estar sempre congregados. E, nesses dias que aqui estivermos, que nós possamos conhecer a gastronomia, a cultura e a tradição e tudo o que o Estado do Pará pode nos oferecer. E, se vocês quiserem conhecer algo mais, venham para Goiás!
Muito obrigado!
Discurso realizado na abertura do 31º. Congresso Brasileiro da Anclivepa, dia 17 de abril de 2010
Assessoria de Comunicação CFMV
fonte: site do CFMV
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